quarta-feira, 10 de abril de 2013

Apenas crianças


O estomago dava cambalhotas no mesmo ritmo do carro que  avançava velozmente, impulsionado pelo atraso. De repente o trajeto pareceu curto demais quando o garoto avistou a escola ao longe. Uma gota de suor escorreu pela testa e ele mais que depressa tirou os óculos fundo de garrafa para corrigir isso. Não podia parecer nervoso. Isso apenas piorava as coisas. Numa freada brusca ele se deu conta que haviam chegado, e logo sua mãe apareceu na porta oposta, impacientemente convidando-o a descer. Já na calçada ela lhe deu um beijo melado na bochecha e, assim que ela virou as costas ele limpou a marca do batom e da maquiagem barata que a mulher havia deixado em seu rosto alvo. As bochechas logo se ruborizaram e o medo que tomou conta dele parecia um cavalo galopando em suas temporas. Dois, tres, cinco passos, e até a calçada parecia estreita demais agora. Não pode evitar um suspiro quando a tia do portão, atenta ao sinal que havia acbado de tocar, gritou seu nome e lhe ordenou que parasse de enrolar e entrasse logo, a aula já ia começar! Mas ele não queria entrar naquele lugar. Algumas crianças não merecem ser chamadas assim.Algumas crianças são cruéis.

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