terça-feira, 9 de setembro de 2014

OlhAndo

 


  Suspirei outra vez e decidi seguir em frente. A chuva recortava minha visão da rua em pequenos retalhos de luz e eu já não estava me importando mais se tropeçaria ou algo assim. Só o que conseguia enxergar era esse inconformismo dentro de mim. Uma ânsia absurda em mudar daquele lugar estreito de mente e horizonte, em que as pessoas se contentavam em sobreviver, e não percebiam a beleza da vida e seu potencial. Novos sons, novas pessoas, novos cheiros e sensações. Havia todo um mundo para se viver e eu necessitava simplesmente expurgar esse desejo de ampliar os horizontes e respirar o ar puro da mudança. 
  As pessoas passavam por mim em uma torrente apressada, submersas em seu próprio mundo digital, em que os bits importavam mais que os sentimentos. Levantei meus olhos para o céu além de onde os edifícios se esforçavam em esconder e contemplei emudecida aquela imensidão absurda. A chuva havia cessado e agora restava apenas um sol tímido se esgueirando por trás das montanhas, se retirando em seu espetáculo de cores. Um arco-íris completava a perfeição daquele fim de tarde. Um forte empurrão no meu braço direito me arrancou do devaneio. Percebi então que havia estacado em plena calçada movimentada e..puxa o cara nem ao menos me pediu desculpas. Massageio meu braço e sigo em frente. Não é necessário dizer que ninguém além de mim notava o céu azul. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário